segunda-feira, 28 de abril de 2008

Alguns momentos.

Podia ficar a eternidade assim,
observando aqueles pequenos olhinhos femininos.
Aquele marron tão verdadeiro que nenhum azul superaria.
Levemente avermelhado, o seu entorno
conferia-lhe o único vestígio de humanidade.
Totalmente contrário àquele brilho, ou melhor,
àqueles quatro brilhos refletores
mergulhados na imensidão negra de seu centro.
Eu podia ficar a eternidade assim,
mas você piscou
e uma voz me distraiu.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cidade son(o)

Um polvo com paralelos e meridianos,
um povo com menções e desgraças.
Eu vejo da calçada, fortuna,
caras felizes e massa.
O reflexo turvo, despido,
revelando traços felinos,
observando a grande ironia
das amizades assim, munidos.
Os meninos da casa, são cores.
Vermelhos e verdes natalinos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Pessoal e intransferível.

Saboreio seus desejos
e os quero pra mim,
só pra mim.
Ratificando minha vontade de comer-te
em teus sonhos
e contrastar-te com minhas cores.
Tão reais, e tão mortas,
incapazes de serem vistas a olho nu.
Mas tão fortes
que incomodam a ponto de dor,
dor própria.
Pessoal e intransferível.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

domingo, 13 de abril de 2008

Alguma coisa mudou,
"algum bicho me mordeu",
aquela palavra me deu um murro
e o sorriso do sorriso me chicoteou.

Não sei mais o que eu quero,
eu nunca soube,
mas agora eu sei é que vou seguir sem medo
e sem parâmetros,
porque o que eu quero mesmo
é seguir e conseguir chegar
onde quer que seja.

Constatação.

pessoas perfeitas não são feitas para se apaixonar,
são feitas pra se amar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Afrikas: cartas, e-mails, torpedos.

Naturalmente curvas,
impostamente retas.
Retas estas, que definem também,
caminhos a seguir,
não admitindo desvios.
Siga como um burro alado, de carga,
mutilado pelo desuso de sua beleza.
Siga e se perca.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Noz cap.1

Como é que tudo pode ser tão complexo e relativo?
Acho que foi por isso que eu optei pela lógica das exatas.
Ou talvez optando por elas, eu tenha achado o mundo tão complexo.
Essa é a minha grande questão: Quem veio primeiro?
Meu pulso de racionalidade ou o desentedimento do caos?
Bom,
um dia eu descobri o quanto eu estava sendo boba.
"Nem as exatas são 'exatas'!"
Depois do baque da caída, a fascinação veio à tona.
O caos é lindo.
Mas onde fica o lado confortável da pessoa?
No sofá?
Só pode!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

368 dias.

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- Não diga isso, menina!
No primeiro momento a menina achou um absurdo sua avó não ouvir o que ela dizia, mas foi só ter um segundo de reflexão que percebeu que não tinha como inserir uma idéia de que ele estava melhor onde quer que estaria, porque é tanta dor que alguém sente quando perde um ente muito próximo que esta dor o domina incrivelmente e o faz desligar-se de todos quaisquer que sejam e só presta atenção no que sente. É como algo que domina a tal ponto que esquece de tudo, até do que está lhe causando a dor.
E o dia foi se passando assim, sem ela perceber. Era como um trânsito de pessoas que entravam e saiam daquela sala, a abraçavam e desejavam os seus pêsames. Na verdade, nem sabia o que realmente significava a palavra "pêsame", mas não conseguia acreditar no sentimento que aquelas pessoas diziam que sentiam.Lembrava dos filmes que assistira que tinham essa palavra e sentiu exatamente o que sentia ao vê-los, como se não fosse com ela. No momento que se pôs a refletir sobre os filmes lembrou-se de seu avô, cinéfilo, grande provedor de seu jeito "pra coisa".
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Tão pouco tempo que eu escrevi isso,
mas parece um século.
Ele nunca foi embora.

domingo, 6 de abril de 2008

Sem parar.

Eu vejo compasso
no passo,
do menino descendo a ladeira
revelando a terrível canseira.
Eu no pico da subida,
bebida
me subindo a cabeça
revelando a terrível moleza.

O santo abençoando a loucura.
Os lixos destroem a censura.
A escuridão ainda revela brilhos,
perdidos no centro dos ladrilhos.

Sinto que ações altruístas,
revelam grandes egoístas
e a lembrança me ocorre
ao sentimento que escorre.
flui, flui
sem parar...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9...

Num final de tarde.
A paisagem é uma lindo pôr-do-sol,
regado de indivíduos hipócritas.
Bem normal, não é mesmo?
Mas alguma coisa se difere da massa comum,
um brilho de frequência perfeita primordiamente.
Este penetra e inebria,
e mata sem perceber.
A consciência foge e se esconde muito bem.
Parece que agora eu tenho que brincar de esconde-esconde.
...10. Acabou a contagem.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Uma viagem.


Estirada quase que inteiramente no chão de azuleijos brancos e frios, a energia púrpura saltava sem hesitar das palmas das mãos voltadas para o teto.
Uma energia quente e translúcida que a levava diretamente pra debaixo de sua pele,
de seus orgãos, de suas células, pra dentro de seus átomos, de seus fótons.
Mas não era lá que ela ia, era pra fora, pra fora da sua consciência.
Uma voz bem ao longe teimava prendê-la por um mínimo fio nesse meio-mundo, entre o dentro profundo e o fora inexplicável.
Fio esse que teimava em não quebrar, em não deixá-la caminhar, fluir sua existência para essa nova. Sentiu esse fio mais grosso, consequência da voz macia ao fundo que insistia agora em intensificar-se e ainda ordenar a volta, a volta da viagem.
Os dedos se mexeram, a energia foi sugada, o "om" foi pronunciado e o trem chegou à estação.

Ela quer repetir a viagem e fazê-la durar mais. Talvez daqui a uma semana.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Dia da Mentira

Últimos momentos de um dia feito pra mentir, muito suscetível (sucetível?) à postagem anterior, mas o conteúdo é visivelmente mais importante.
Acaba de implodir greves na segurança estadual e, juntamente com a municipal, a situação parece mais inimaginável. Ninguém sabe o que pode acontecer, porque há muito não se vive uma comunhão de greves no mesmo setor assim. Pelo menos eu não me lembro disso.
Seria muito mais fácil acreditar que hoje, no dia da mentira, isso fosse uma brincadeira.
Não só isso, que, pelo menos por hoje, todo nosso problema social fosse uma mentira, mas o "buraco é muito mais embaixo" do que agente imagina.
Uma rede que envolve interesse e medo não faz essa "coisa" andar.
Não vou mentir, é, eu não vou mentir, não tenho nenhuma solução formulada, mas não é por isso que eu tenho que achar que tudo tem que ficar assim.
Eu acredito que se todos pensarem sobre os prós e os contras da situação, pelo menos ela já não será ignorada do jeito que é e, assim, a movimentação dos fluidos será inevitável.
É só o que peço: pensem.

experimentem: "Ônibus 174"