segunda-feira, 25 de agosto de 2008

hacer di existir.

As palavras, as vezes, são claustrofóbicas.
Na tentativa de abrir portões,
cada verso é um novo cadeado,
um novo pecado,
um adultério com o caos
na tentativa de trazer para o concreto,
o que nunca foi concretizado,
o que nunca será palpável,
o que existe na simples razão de existir,
sem precisar ser visto, ouvido.

Por isso que digo,
não,
susurro,
(imagine se algum poeta me ouve!)
tenho medo das palavras,
acho que você também deveria ter.
Porque o que inebria,
derruba
e o que distrai,
destrói.

Cuidado com a força do concreto.
Esfarele as estrofes e as joguem ao ar,
sem medo do vôo.


hacer di existir.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Acordo(ando)-te [fragmento3]

Receio que em tuas terras não caibam minhas águas,
mistura de lágrimas e litros de sentimentos.
E com franqueza posso dizer:
Talvez seja isso que busque em ti,
espaço para jogar-me a mim.
Largar-me com minhas próprias mãos a ti,
mas receio.

Eu quero explodir!
Explodir sentimento!
E quero levar isso para os outros habitantes de nossa morada diária,
o concreto, o cinza.
Quero que elas conheçam as cores.
Não só como combinações de closet,
mas como emanações de suas próprias almas.

Tenho o que te contar também.
Eu vejo áureas.
Nunca dei importância a isso até sentir a minha.
Um dia o violeta tomou-me por completo
e tudo era belo.

Se todos pudesse ver o que eu vi...
Fui tomada de assalto por uma euforia,
você tem que sentir isso.
Queria que visse também.
É um espetáculo grandioso
ver uma névoa violeta dançante
em volta de uma silhueta desmarcada.

Talvez tenha sido esta cor que viste.

Montemos uma pintura com nossos corações
derramados nas águas doces do Vale do Existir.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Acordo(ando)-te [fragmento2]

(...)
Caminhemos para a abertura total de fronteiras e
o transbordamento completo de sensações.

Eu não acredito mais no real.
Não com alguém como tu me fazendo flutuar em meio ao léu.
Estou jogada nas tuas ilusões,
e me parece que é recíproco.

Você estava lá,
aquele dia e seguidamente.
Sempre emanando um brilho verde,
um verde que não parecia chamar-me atenção,
mas está aqui,
até hoje nas minhas lembranças.

E quão surpreendente são as lembranças não?
Ainda enxergo no fundo da minha íris
um olhar seu,
um olhar de cumplicidade.

Não sei se fui só eu,
mas ali eu tremi ligeiramente.