sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Salvador, 31 de outubro de 2008.

Eram seis e vinte.
No meu e no seu relógio.
Também, o mesmo horário marcava o relógio parado na minha frente.
E o que será que fez eu olhá-lo a este instante?
Talvez agora você esteja pensando em mim,
talvez quem tirou essa foto tenha tremido no disparo, sem nem saber que proveria isso,
uma ligação de sentimentos.
Talvez até a mosca que pousa agora no monocromático papel esteja tremendo, porque eu estou.
Quantas vezes eu estive na iminência de derramar lágrimas estes dias?
Acho que a rosa não aguenta mais estar em botão.
Precisa sentir o vento.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

uma Morte.

Hoje mais um filho, que não tive, foi morto.
Cruel pensar que sinto-me feliz pela morte de um ser fluido.
E é fluido, porque existe da dúvida de existir. Na falta de certeza é, pois o pior é sempre aclamado e, hipoteticamente, destruí-lo é destruir o resto na crença da plenitude do horror.
Sabotamos a nós mesmos quando desacreditamos na possibilidade do "dar certo" e criamos o oposto, porque não viveríamos sem pelo que lutar, sem muros para pular.
Hoje mato mais um filho que não tive.