quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A mim mesma.

Cada algo que via podia ser você.

Meus olhos procuravam incessantemente
e descontroladamente.
A cerveja caía como uma pedra,
víceras sendo rasgadas,
suor derramado pelo desencontro.

Até que eu pequei pelo desconhecimento,
pela inanição da razão.
Lá se foram as desculpas.
Viver se tornou necessidade.

E que esculpam narcisos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

vésp-era.

Cada dia é uma lágrima.
Cada piscar tem um sentido.
Cada sorriso, um dono.
Cada jogar-se, um chão.

Me encerro de novo no asfalto
Como nos velhos tempos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Without you, I fall asleep.

Sem você, eu adormeço.
Não há mais nada o que fazer a não ser sonhar.
Talvez você esteje sugando minha vida real,
E eu deixei tudo andar como se tivessemos apenas dois pés.

E assim tem sido.

Dois pés e uma só estrada
Sobre os cacos de um vidro quebrado,
Sobre as pedras flamejantes,
Sobre todo o ar que respiramos.

Eu já sinto meu corpo escorregando pelo seu.
Escorrendo o arco-íris cravado em meu peito,
Negando toda a laceração,
Não tendo escolha.

Talvez eu tenha que aprender a cortar os solados,
E ainda sorrir como uma Barbie.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Montanha-russa.

Lembre-se de que não gosto de montanhas-russas.

Não quero esperar vir a queda,
Não quero não saber até onde vai,
Não quero perder a sensação.

Pisar o chão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Epitélios Líquidos.

Gasto mil águas com meu prazer,

Enlaço meus lábios num cigarro sem você.


Mordo os dedos compiscuamente

E decaio em lágrimas intencionalmente.


Mesmo que não saiba o que isso quer dizer.


Acho mil motivos,

Redijo quilos de versos,

Mas não mostro,

Não mostro o calor que sinto.


Letras não refletem,

Nem a mim, nem a você.

A vazão de epitélios líquidos

E o evaporar-se deles.


Pois éramos pele e osso,

Agora somos músculo e cartilagem.


Contraindo-se.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Rascunho sincero e confuso.

Vou lhe dizer o que sinto aqui.
Quero expandir,
mas não encontro chão que me sustente.

Tenho medo do tamanho de mim,
E de tudo que voará
E que fugirá do meu controle.

Que sensação boa será me jogar
e esparramar.
Mas sou besta
E parece que ignorei o lindo livro que caiu em minhas mãos.
Exatamente no momento certo.

-

Mudei de idéia no meio das palavras.
Acho que vou morrer ainda tendo medo do efeito delas sobre mim.
Mas que seja só este meu medo
(incluindo montanha-russa, claro)
e mais nenhum outro.

Se prepara,
Vou me jogar.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Imagem Vermelha.

Quer saber o que fazer?

Faça elas queimarem feito fogo que são.
E depois escreva com suas cinzas em meu corpo.

Torna-se real e macabro,
deslumbante e surreal.

Escrito no escrito.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ciclo?

Me sinto pura,
jogada,
largada.
Completamente esquecida
por mim mesma.
Quero viver e sentir tudo que eu sei que guardo.

Não são sete chaves.
Eu é que não quero abrir a tampa.

Recomeça o desespero de novo.
Quero te ver,
mas vejo o passado.

Ô besteira de viver a vida referencialmente.

Morra tudo.
Quero escorrer,
derreter,
Viver dentro de você.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Acordamos.

Descanso desacordada em braços feitos de sal.
E areia.
Percorro os quatro cantos,
as sete maravilhas,
e acabo num estilo Shah Jahan,
contemplando o Taj Mahal.

E te convido às Pirâmides de Gizé.

Tudo isso ainda planando minhas águas em seus braços e colo.

Vivamos o todo,
o só nosso,
o que quisermos.

E nademos a tudo.
Vamos afogar com nossa luz,
e gotas.

Deságuo na sua boca.
Quero vivê-la de um todo.

domingo, 20 de setembro de 2009

Estou no lugar certo.

É tempo de flores.
E há tanto espero por estes aromas!

Que eles sejam completos.
Já basta todo o mundo resguardando seus feitiços.

Receio cegar-me decerto,
mas sigo o exemplo da flor
que talvez seja eu mesma,
ou alguém de mim.

Estou no vale novamente,
aquele que há muito não via.

Que magia!
Ainda me deixa tonta com tanto verde!

Cambaleio e caio,
estou dormindo,
mas sinto tudo.

Sinto a grama, o vento, os cheiros...
Aí estão eles!
Os aromas.

Estou no lugar certo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Era pele, agora flor.

E a mesma flor que agora está mais forte e macia,
se depara com um espelho que não é dela,
com uma casca que não lhe cabe.

Resolve soltar-se do que a protegia,
protegia,
mas não era ela,
não conseguia viver sem sentir a luz diretamente nas papilas.

Acaba se queimando.

Mas isso já aconteceu tantas vezes.
A cegueira momentânea não se compara à cor.
À vida.

Sorri,
e não quer pensar nos tempos de seca.

sábado, 21 de março de 2009

Menos, tá?

De risca de giz
melo teu chão de madeira.
Eu sei que voce queria ver bolhas de sabão caindo do teto,
mas meu cabelo é assim:
reflete muito.