segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Viajo porque preciso.

É por isso que viajo.
Pra me perder de mim,
Pra ocupar os cacos que pairam no meu pensar,
Pra não deixar você de vez sumir ou mudar.
Simplesmente fica lá,
Guardado e intacto.

Pois cada mundo que conheço
me desvia de você,
de vocês.
Me faz mais pedra
E você mais perpétuo.

Que nem os sonhos que nunca dão certo.
Que nem o tempo que nunca se ajusta pra nós.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Terremoto de nuvens.

E tudo que de novo há,
De novo desmorona.
E cada pedaço de estrela que colhi do teu mar,
Eu penso em perder as pernas.

Nada existe sem ligações,
sem fibrilações,
sem postes, alôs e fios embaraçados.

E a mim não haveria de ser diferente.
Sem ar não me preencho
Sem arranha-céus,
Sem zeppelins e cabines lotadas.

E por que haveria de mim tanto querer?
Só sei que quero muito
Viajar num raio
Seja de lá ou de cá.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O que há é imenso.

Por mais que eu tente,
Não consigo me fazer entender.

Não há como fluir o mar aberto que existe dentro de mim,
Não há como fazê-lo escorrer.

E que alguém mude minha opinião!

Me façam ver que há como,
Que há maneira de encher olhos com reflexos reluzentes,
De esquentar mãos e corações gelados,
De fazer falar os descontentes.

Preciso de saídas,
De curvas,
De alta velocidade.
Preciso de um acidente
Que se faça enxergar.
Preciso de dignidade.

E que venha de todos os lados,
Que caia do céu
Deslocando o arco-íris
E descolando estrelas.

Que faça um boom de cores,
Dentro e fora de mim.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

15/06/10 - 00:03

Me seguro,
Desfarço,
Faço o que posso,
Mas é impossivel sobreviver a esse baú
Que me prende a sete chaves,
Cujos cadeados estão jogados fora.

Uma prisão tão fraca como uma poça de água na mão
E tão forte como uma camisa de força.

Num caçado abandonado pelos desgastes do tempo
Que não cria, destroe.
Empoeira tudo,
Deixa o tesouro acuado, sem brilho,
Talvez encrustado de corais
Depois de um mergulho longo por águas profundas e pertubadoras.

domingo, 20 de junho de 2010

Sabonete redondo.

Você não sabe quantas vezes quis voltar,
Quis me prender,
Te prender aquele velho hábito de deixar contas a pagar,
Mas agora eu sei as consequências disso tudo,
Sei o quanto dói,
Sei o quanto não é justo.

Sei o quanto nunca é justo.

O problema não são os outros,
É o quanto quero abraçar o mundo pra mim,
Tento tanto que talvez isso faça meus braços mais escorregadios pelo suor do esforço,
Nada fica,
Nada nunca vai ficar.

eu tenho que entender isso.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Baião de dois anos.

Eu não sei mais quem é você,
Já foi alecrim dourado
E agora se afasta do mundo assim
Que nem espaçonave que não quer voltar.

Me fala dos sorrisos,
Me prende nas nostalgias
E depois me larga no buraco negro.
Que nem estrela explodida.

Diz que vai pra bem longe
E não sabe se vai voltar.
E eu de brincar a ir junto
Te pego a rejeitar.

Você, que de tão antigo,
Sabe me prender a tudo,
E que de tão Direito,
Não consegue um só julgamento.


Anos não são nada quando já se passaram tantos segundos que não me olha

nos olhos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

sem flor.

Cada passo que eu dou é um estrondo,
Pedaços aleatórios de asfalto ascendem ao meu redor,
É como uma câmera lenta assustadoramente mortífera.

Tudo apavora, mas não machuca,
Ao contrário,
Passa uma segurança aureola ao redor de mim.

O sol racha lá fora,
Mas seus raios não passam pelos meus fragmentos,
Que se tornam meus a partir do momento que me protegem,
Que fingem que me protegem.

E sem luz solar
A flor murcha,
O chão desaba,
O coração para,
E o passo acaba.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Not yet.

Eu não sei até que ponto você entende o que eu quero,
e sinceramente,
agora não estou preocupada com isso.

Ainda sigo meu instinto sincero
e por mais que os frutos dele
não sejam todos de uma ótima safra,
são, ao menos, honestos.

Ainda caminho,
ainda sinto que tudo não mudou,
o mundo continua cinza
e não sei mais se acredito em minhas predições.

Ainda busco tudo,
ainda acho assustador encontrar,
todas as tentativas foram falhas
e resido continuamente no não saber.



Quando acho que achei,
achei sempre errado.

domingo, 9 de maio de 2010

Só Vinícius.

E ela me olhou e disse tudo dela.
Tirou todas as cordas que a amarravam,
Largou-se no abismo.

E eu estava ali do lado,
Segurando sua mão,
Sentindo tudo que eu estava fazendo.

Porque, mesmo que não tivesse sido intencional,
Quando a primeira palavra saiu daquela menina,
Tudo mudou de cor.

E era um arco-íris totalmente novo.
Um brilho incrível que não se vê em qualquer um.

E não posso negar meu medo,
Nem minha excitação.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Nesses tempos de chuva.

A chuva mata e
o amor encharca.

Eram tempos tão bons
que sempre resolvem evaporar.

Mas que chova de novo!

Novos grãos renascem
Velhas árvores morrem
E os genes sempre ficam,
Você bem sabe.

Só desejaria que deleções ocorrecem com mais frequência na raça humana.

Criamos tantos mecanismos de defesa
Que impedem a nós mesmos transmutar-mos,
Nos jogarmos do penhasco
que nem a chuva.

E morrer, por quê não?

domingo, 4 de abril de 2010

Dîner en Ville

Eu sinto o sofejar de aromas no brilho dos seus olhos. Caminho até eles. Não estão ali pra mim, são seletivos, até torturantes. Aprisionado em cápsulas sépias que servem ao seu próprio propósito e se calam quanto ao lugar da chave. Às vezes sente-se um brisa de janelas abertas, acurtinadas. Criam pontes com postes iluminados atravessando o portal dourado, transcendendo o aqui e ali. Está na fluidez do cosmo. E assim, é praticamente impossível ver-te o tempo todo.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Drão

De elatérios pulou-se o que hoje chamamos de amor.

As folhas nascem em báculo apertado que, não incomumente, se sufocam. São poucas camadas de células, frágeis como grãos de pólen lançados ao ar. O que mais importa são os estróbilos, a força da união de coisas tão insignificantes para formar o universalmente significante.

Porque, se há algo significante nesse mundo, é a semente.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sem nexo, anexo e complexo.

Simplesmente você debandou e caiu.
Que nem um saca rolha.

Cachoeiras dormem ao te ver,
Casacos que não sabem nem quem esquentar.

E que pena os bois não chegam as nuvens.
Talvez assim você gostasse de sorvete.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Liz cap.4

E então se pergunta se tudo aquilo que cuspia barulhos sem parar eram sua real vida,
pertubou-se em achar que sentia falta do que a incomodava.
Estava bem, mas sentia falta.
Nada ali parecia com algo, não havia natureza, nem concreto.
Não havia nada, apenas mutações inconclusivas.
E passados tempos em simples vazio de consciência, sente algo deslizando,
caindo sobre seu corpo.
São milhares de papéis brancos praticamente cobrindo tudo que há em volta.
Olha pra sua referência do que seja em cima, de onde normalmente coisas caem e conclui que não há algo emanando essa enchurrada de lâminas brancas,
elas veem de toda parte.
Um mundo é um pergaminho branco agora, um tábula rasa de Locke.


Fazer sentido é fazer ser agora.

A rotina da mão é o toque.

A rotina da mão é o toque
E o afastar-se é algo incompreensível.

Certamente isso também sou,
Além de um clássico clichê
E uma pitada de fervor.

Nem mais clara consigo ser.
As águas não mais se refletem,
Os raios voltam sem se ver.

Sem esquentar o fundo
o dentro, o canto.
Acumulando-se, no entanto.

E nessa escuridão,
Só quem pode contra mim
Sou eu mesma.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O dia que você morreu.

só meu cílios sabem o quanto se tocaram
só minhas ancas sabem o que sentiram
só meus dedos sabem o que pressionaram
só eles sabem do que sentirão falta.