domingo, 28 de dezembro de 2008

A Flor da Pele.

E da intensidade de tudo
á flor da pele estou,
Nós estamos.

Vivendo num limiar entre a explosão e o equilibrio,
Caindo no abismo dos teus, e nossos abraços.
E de uma mar de lágrimas criado,
posso até atravessá-lo com meus passos.

E desta flor,
as pétalas macias,
frágeis,
prontas para um acariciar infinito,
caem.

Mas não.
Não é assim que a noite acaba.
Parece estar pronta para o que virá,
e produz novas pétalas,
mais macias,
menos frágeis.

Amadureça,
mas não apodreça.

domingo, 23 de novembro de 2008

sim.

Despedindo-me do adolescer
Tenho uma triste constatação:
Todos os heróis estão mortos,
Ou estão para morrer.


Como qualquer um.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Salvador, 31 de outubro de 2008.

Eram seis e vinte.
No meu e no seu relógio.
Também, o mesmo horário marcava o relógio parado na minha frente.
E o que será que fez eu olhá-lo a este instante?
Talvez agora você esteja pensando em mim,
talvez quem tirou essa foto tenha tremido no disparo, sem nem saber que proveria isso,
uma ligação de sentimentos.
Talvez até a mosca que pousa agora no monocromático papel esteja tremendo, porque eu estou.
Quantas vezes eu estive na iminência de derramar lágrimas estes dias?
Acho que a rosa não aguenta mais estar em botão.
Precisa sentir o vento.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

uma Morte.

Hoje mais um filho, que não tive, foi morto.
Cruel pensar que sinto-me feliz pela morte de um ser fluido.
E é fluido, porque existe da dúvida de existir. Na falta de certeza é, pois o pior é sempre aclamado e, hipoteticamente, destruí-lo é destruir o resto na crença da plenitude do horror.
Sabotamos a nós mesmos quando desacreditamos na possibilidade do "dar certo" e criamos o oposto, porque não viveríamos sem pelo que lutar, sem muros para pular.
Hoje mato mais um filho que não tive.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Meus; e seus?

As lágrimas caem, sem controle.
Mordo o lápis nº2 para guardar meu soluço.
Minhas mãos tendem a caminhar, sem direção.
Primeiro nervosas pelos nós das minhas ondas,
depois se encontar no ar como um casal apaixonado,
e se amassam, sem saída.
Meu olhar assiste, sem comando.
Minha cabeça está pendurada,
esperando decaptação,
sem escolha.

Os sentimentos explodem,
não consigo contê-los.
São meus.

O que será que será?

domingo, 14 de setembro de 2008

A tarde vai.

Com o tempo, o sol ia despedindo-se
E junto, os raios de luz.
Era mais fácil agora enchergar por dentro,
sentir as verdadeiras vibrações.

O medo foi tão forte
que sentia um arrepio de se olhar.
Segurava com tamanha força a carne que aproximava-se
com medo do evaporar, do tornar-se fluido.

E enfim, as palavras.
Aquelas que tanto tempo ficaram cortando sua garganta por dentro,
que engalfinhavam-se na tentativa da saída.
Elas. Elas mesmas.

O poder da pronúcia leva a uma destruição de defesas.
Mas não pense nelas.
Viver defendendo-se não te dá o direito de sentir.
E só o que precisa é sentir.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nem o horizonte é mais importante.

E quando o sol chegar
aonde tantos quiseram,
E quando isso tornar-se cotidiano
e já é,
Eu encontrarei o equilíbrio,
a sustentação da pirâmide invertida
Meu porto seguro.

E quando o sol não mais importar
E quando nosso ser
for maior do que a luz
Eu estarei aqui,
e estou.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

hacer di existir.

As palavras, as vezes, são claustrofóbicas.
Na tentativa de abrir portões,
cada verso é um novo cadeado,
um novo pecado,
um adultério com o caos
na tentativa de trazer para o concreto,
o que nunca foi concretizado,
o que nunca será palpável,
o que existe na simples razão de existir,
sem precisar ser visto, ouvido.

Por isso que digo,
não,
susurro,
(imagine se algum poeta me ouve!)
tenho medo das palavras,
acho que você também deveria ter.
Porque o que inebria,
derruba
e o que distrai,
destrói.

Cuidado com a força do concreto.
Esfarele as estrofes e as joguem ao ar,
sem medo do vôo.


hacer di existir.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Acordo(ando)-te [fragmento3]

Receio que em tuas terras não caibam minhas águas,
mistura de lágrimas e litros de sentimentos.
E com franqueza posso dizer:
Talvez seja isso que busque em ti,
espaço para jogar-me a mim.
Largar-me com minhas próprias mãos a ti,
mas receio.

Eu quero explodir!
Explodir sentimento!
E quero levar isso para os outros habitantes de nossa morada diária,
o concreto, o cinza.
Quero que elas conheçam as cores.
Não só como combinações de closet,
mas como emanações de suas próprias almas.

Tenho o que te contar também.
Eu vejo áureas.
Nunca dei importância a isso até sentir a minha.
Um dia o violeta tomou-me por completo
e tudo era belo.

Se todos pudesse ver o que eu vi...
Fui tomada de assalto por uma euforia,
você tem que sentir isso.
Queria que visse também.
É um espetáculo grandioso
ver uma névoa violeta dançante
em volta de uma silhueta desmarcada.

Talvez tenha sido esta cor que viste.

Montemos uma pintura com nossos corações
derramados nas águas doces do Vale do Existir.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Acordo(ando)-te [fragmento2]

(...)
Caminhemos para a abertura total de fronteiras e
o transbordamento completo de sensações.

Eu não acredito mais no real.
Não com alguém como tu me fazendo flutuar em meio ao léu.
Estou jogada nas tuas ilusões,
e me parece que é recíproco.

Você estava lá,
aquele dia e seguidamente.
Sempre emanando um brilho verde,
um verde que não parecia chamar-me atenção,
mas está aqui,
até hoje nas minhas lembranças.

E quão surpreendente são as lembranças não?
Ainda enxergo no fundo da minha íris
um olhar seu,
um olhar de cumplicidade.

Não sei se fui só eu,
mas ali eu tremi ligeiramente.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Acordo (ando)- te. [fragmento]

(...)
É tempo de tormenta
e sinto tanto não poder arrancar-me qualquer coisa
para jogar aos pés de tudo que quero perto.
São tantas coisas que permeiam meu existir,
tantos fragmentos insistentes rodeando meus pensamentos.

E não pense que me assusto.

Procuro eternamente luz nos olhos alheios
e em ti, brilham tanto.
E apesar de não querer olhar-me nos olhos,
não consegue esconder, não conseguirá.

Ofereceu-me seus braços,
e a eles sou toda necessidade.
E porquê não arrancar-me a mim como quero?
Não tem sentido não fazê-lo.
(...)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Só pra mim.

Ele bateu palmas pra mim.

Talvez não tenha se comparado
aos aplausos dados num cântico maior.
Mas foi só pra mim.

Assim, sem sonar.
Um breve tocar de palmas nervosas
que inspiram tantas outras.

Ele bateu palmas pra mim.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Reações dissecadas.

Repito novamente,
aonde estarão os olhares,
a luz nos olhares?
Me olhe de frente,
encare meus sentimentos
e conte-me os teus.
Não escolha o silêncio
se não pode sustentá-lo.
Não escolha o desvio
se não sabe olhar o horizonte.
Há teias em seu rosto,
mova seus músculos,
eles estão cansados de serem enganados.

REAJA ao que não te satisfaz.

domingo, 13 de julho de 2008

Fumante passiva.

Quando acho que encontro luz nos olhos,
como busco nos meus,
sou tomada de salto
e desmaio,
sem fibrilações.

O meu lema,
e o do sol,
parecem se perder em meio a poluições,
cigarros de uma época,
de todas as épocas.

É tão complicado não fumar.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Liz (parêntese)

Sonho em ver-me engolida por Dalí.

Eu e ela,
num só redemoinho,
em um só movimento.

E que esse só momento
se torne infindo e concreto
como passear num tormento.

Que eu sinta
o gelado de tuas tintas
e o calor de seus suspiros.

Só em tuas cores, mestre,
é que é visível a comparação
da pele e do pensamento,
de mim e minha criação.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Liz cap.3

"Cessou".
Sem ter um porquê o som cessou.
Como senhores de engenho que esquecem dos esravos se não lhes dão trabalho. Desse jeito, abrupto e desconfiado o barulho parou, mas tudo ainda modificava-se, derretia e condesava em novos cenários, alguns pertubadores.
Como uma flor, como a flor de liz, ela se encontrava no centro de um universo de transformações. E se sentiu dona deles, dona da matéria, dona das ondas que atravessavam seu pensamento, dona, dona, dona...
Até que caiu em consciência: nada daquilo era seu, o que não impedia o seu poder modificador diante desse universo.
Sentiu-se bem, mas só.
Pela primeira vez sentiu-se realmente só.


Aonde estarão?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Liz cap.2

O barulho dos motores eram diversos.
Todos juntos formavam um único som incompreensível e pertubador. Era contrário ao universal, era mo, deformado e averso a cores.
Olhava em volta, via pombas, as pombas brancas, e desacreditou-se na esperança sendo ela tão farta e semelhante a um vírus.
Passarinhos amarelos chamavam sua atenção, mas até eles se foram depois dos zunidos motorizados. Foram e levaram as borboletas. Assim, suas asas modificaram todo o universo ao redor. Tudo estava mudado e ela não reconhecia mais a si própria, nem conseguia achar seu salto 15.
Desespero total, não tinha mais seu fingimento.


Segurem as borboletas.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Liz (parêntese)

Porque eu acredito que cada grão de asfalto é um pedacinho de alguém que já pisou esse caminho. Esse mau caminho. Todos unidos como nenhuma dessas pessoas nunca estiveram. Elas nunca se reconheceram como iguais em nenhum aspecto. Acham que são paralelas definidas por diferentes pontos e desconhecem pontos coincidentes.
Porque eu quero que todos olhem para baixo, para aonde estão pisando e reconheçam seus fragmentos espalhados no cinza multicolor e que não os reconheçam, a julgar pela mistura.
Porque eu espero que da rocha nasçam flores, iguais e diferentes. Eu espero gozar com os perfumes e com Piaf dissonante.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Liz cap.1

Ela nunca soube andar por linhas retas.
Nunca soube seguir os tracejados brancos.
Mas isso nunca foi uma vantagem, na verdade, colocava um salto 15 e fingia que era uma super modelo, um pouco tonta com a fama. Por um curto período de tempo, conquistava todos os faróis dos carros por onde andava.
Mas o meio-fio era atraente demais para o seu fingimento e, antes que pudesse remediar, estava ali de volta, sem nenhuma perspectiva central.
Com o tempo foi reparando que o desequilibrio provinha de aspiradores-por mais que pareça bizarro-aspiradores que sugavam tudo de majestoso que havia na beleza da sua naturalidade.

Como desligá-los?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

12 de maio de 2008.

Não adianta ensaiar todos os dias na frente do espelho,
minha vida é improviso
e chorar sempre foi inevitável.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Bela escuridão.

A Noite está cada vez mais atraente.
Os frutos dela, agora são ninfas
que passeiam por pensamentos tão disformes,
os quais instigam a sensação.

Explode em mim a vontade de jogar um Pomo,
sem nada escrito
e esperar o mundo acabar.

Porque, que aguenta o vazio?
Privilégio de poucos,
enlouquecedor de tantos.

Não quero que surja a Harmonia.
Eu sou uma Lâmpade,
habitante do escuro mundo inferior.
E que Nix me abençoe.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

HOJE.

Hoje não é o último dia da minha vida.
Virão outros sim, para os desacreditados.

Somos só continuidade
megulhada num oceano de águas escuras.

Não abra os olhos que pode arder.
Eu já abri,
e é assim que eu sei
que hoje não é o único,
nem o primeiro,
muito menos o último.

Se concentre em si
e não pense que vivo para te servir.
É só meu prazer.

E o mais importante:
Não siga meus conselhos,
nem eu os uso.

domingo, 4 de maio de 2008

EU TE AMO.

15 de janeiro.

Um dia ele me disse
que eu deveria sentir vontade de pular a janela
e buscar esperança.
Ontem eu vivi isso como um sonho lindo
e não pulei,
tive vontade,
mas não pulei.

04 de maio.

E é assim que eu tenho vivido
desde então.
Ganhando e perdendo a esperança
todos os dias.
Ainda resta?

quinta-feira, 1 de maio de 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Alguns momentos.

Podia ficar a eternidade assim,
observando aqueles pequenos olhinhos femininos.
Aquele marron tão verdadeiro que nenhum azul superaria.
Levemente avermelhado, o seu entorno
conferia-lhe o único vestígio de humanidade.
Totalmente contrário àquele brilho, ou melhor,
àqueles quatro brilhos refletores
mergulhados na imensidão negra de seu centro.
Eu podia ficar a eternidade assim,
mas você piscou
e uma voz me distraiu.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cidade son(o)

Um polvo com paralelos e meridianos,
um povo com menções e desgraças.
Eu vejo da calçada, fortuna,
caras felizes e massa.
O reflexo turvo, despido,
revelando traços felinos,
observando a grande ironia
das amizades assim, munidos.
Os meninos da casa, são cores.
Vermelhos e verdes natalinos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Pessoal e intransferível.

Saboreio seus desejos
e os quero pra mim,
só pra mim.
Ratificando minha vontade de comer-te
em teus sonhos
e contrastar-te com minhas cores.
Tão reais, e tão mortas,
incapazes de serem vistas a olho nu.
Mas tão fortes
que incomodam a ponto de dor,
dor própria.
Pessoal e intransferível.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

domingo, 13 de abril de 2008

Alguma coisa mudou,
"algum bicho me mordeu",
aquela palavra me deu um murro
e o sorriso do sorriso me chicoteou.

Não sei mais o que eu quero,
eu nunca soube,
mas agora eu sei é que vou seguir sem medo
e sem parâmetros,
porque o que eu quero mesmo
é seguir e conseguir chegar
onde quer que seja.

Constatação.

pessoas perfeitas não são feitas para se apaixonar,
são feitas pra se amar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Afrikas: cartas, e-mails, torpedos.

Naturalmente curvas,
impostamente retas.
Retas estas, que definem também,
caminhos a seguir,
não admitindo desvios.
Siga como um burro alado, de carga,
mutilado pelo desuso de sua beleza.
Siga e se perca.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Noz cap.1

Como é que tudo pode ser tão complexo e relativo?
Acho que foi por isso que eu optei pela lógica das exatas.
Ou talvez optando por elas, eu tenha achado o mundo tão complexo.
Essa é a minha grande questão: Quem veio primeiro?
Meu pulso de racionalidade ou o desentedimento do caos?
Bom,
um dia eu descobri o quanto eu estava sendo boba.
"Nem as exatas são 'exatas'!"
Depois do baque da caída, a fascinação veio à tona.
O caos é lindo.
Mas onde fica o lado confortável da pessoa?
No sofá?
Só pode!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

368 dias.

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- Não diga isso, menina!
No primeiro momento a menina achou um absurdo sua avó não ouvir o que ela dizia, mas foi só ter um segundo de reflexão que percebeu que não tinha como inserir uma idéia de que ele estava melhor onde quer que estaria, porque é tanta dor que alguém sente quando perde um ente muito próximo que esta dor o domina incrivelmente e o faz desligar-se de todos quaisquer que sejam e só presta atenção no que sente. É como algo que domina a tal ponto que esquece de tudo, até do que está lhe causando a dor.
E o dia foi se passando assim, sem ela perceber. Era como um trânsito de pessoas que entravam e saiam daquela sala, a abraçavam e desejavam os seus pêsames. Na verdade, nem sabia o que realmente significava a palavra "pêsame", mas não conseguia acreditar no sentimento que aquelas pessoas diziam que sentiam.Lembrava dos filmes que assistira que tinham essa palavra e sentiu exatamente o que sentia ao vê-los, como se não fosse com ela. No momento que se pôs a refletir sobre os filmes lembrou-se de seu avô, cinéfilo, grande provedor de seu jeito "pra coisa".
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Tão pouco tempo que eu escrevi isso,
mas parece um século.
Ele nunca foi embora.

domingo, 6 de abril de 2008

Sem parar.

Eu vejo compasso
no passo,
do menino descendo a ladeira
revelando a terrível canseira.
Eu no pico da subida,
bebida
me subindo a cabeça
revelando a terrível moleza.

O santo abençoando a loucura.
Os lixos destroem a censura.
A escuridão ainda revela brilhos,
perdidos no centro dos ladrilhos.

Sinto que ações altruístas,
revelam grandes egoístas
e a lembrança me ocorre
ao sentimento que escorre.
flui, flui
sem parar...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9...

Num final de tarde.
A paisagem é uma lindo pôr-do-sol,
regado de indivíduos hipócritas.
Bem normal, não é mesmo?
Mas alguma coisa se difere da massa comum,
um brilho de frequência perfeita primordiamente.
Este penetra e inebria,
e mata sem perceber.
A consciência foge e se esconde muito bem.
Parece que agora eu tenho que brincar de esconde-esconde.
...10. Acabou a contagem.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Uma viagem.


Estirada quase que inteiramente no chão de azuleijos brancos e frios, a energia púrpura saltava sem hesitar das palmas das mãos voltadas para o teto.
Uma energia quente e translúcida que a levava diretamente pra debaixo de sua pele,
de seus orgãos, de suas células, pra dentro de seus átomos, de seus fótons.
Mas não era lá que ela ia, era pra fora, pra fora da sua consciência.
Uma voz bem ao longe teimava prendê-la por um mínimo fio nesse meio-mundo, entre o dentro profundo e o fora inexplicável.
Fio esse que teimava em não quebrar, em não deixá-la caminhar, fluir sua existência para essa nova. Sentiu esse fio mais grosso, consequência da voz macia ao fundo que insistia agora em intensificar-se e ainda ordenar a volta, a volta da viagem.
Os dedos se mexeram, a energia foi sugada, o "om" foi pronunciado e o trem chegou à estação.

Ela quer repetir a viagem e fazê-la durar mais. Talvez daqui a uma semana.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Dia da Mentira

Últimos momentos de um dia feito pra mentir, muito suscetível (sucetível?) à postagem anterior, mas o conteúdo é visivelmente mais importante.
Acaba de implodir greves na segurança estadual e, juntamente com a municipal, a situação parece mais inimaginável. Ninguém sabe o que pode acontecer, porque há muito não se vive uma comunhão de greves no mesmo setor assim. Pelo menos eu não me lembro disso.
Seria muito mais fácil acreditar que hoje, no dia da mentira, isso fosse uma brincadeira.
Não só isso, que, pelo menos por hoje, todo nosso problema social fosse uma mentira, mas o "buraco é muito mais embaixo" do que agente imagina.
Uma rede que envolve interesse e medo não faz essa "coisa" andar.
Não vou mentir, é, eu não vou mentir, não tenho nenhuma solução formulada, mas não é por isso que eu tenho que achar que tudo tem que ficar assim.
Eu acredito que se todos pensarem sobre os prós e os contras da situação, pelo menos ela já não será ignorada do jeito que é e, assim, a movimentação dos fluidos será inevitável.
É só o que peço: pensem.

experimentem: "Ônibus 174"

domingo, 30 de março de 2008

Progressão de mentiras.

Eu minto,
minto mais do que deveria mentir,
mas me envergonho-me muito de mim.
Mas minto bem,
e nisso não há dúvidas.
Nem o espelho sabe quem eu sou
e é aí onde "mora o perigo",
não sei sair da minha mentira.
Ela me proteje de tanto,
mas as vezes eu preciso de carne,
carne protetora,
proteção primitiva,
primitivo calor,
calor interno,
mas a mentira é grande
e o interior não PODE se revelar.
Isso é privilégio dos sábios,
sabidos hômulos,
homens que não são homens,
pesquisadores de nossa inefundável existência.
Penso que já conheci um deles,
mas não sei nada da vida,
pode ter sido só uma paixão cega.
Te amo e não posso revelar minhas mentiras.
Amor e paixão.
Cegos num tiroteio,
comtemplações infinitas,
idealizações infames.
Pare!
Não dá.

Elas. As mentes, as vidas, as escolhas.


Gotas de álcool,
gotas de desejo.
Substâncias que se encontram e interagem,
assim como elas mesmas.
Mas nunca, nunca vão formar uma mistura homogênea.
Apenas uma sistema difásico completamente distinguível aos olhos.
Elas não. Elas não respeitam regras.
Ou possui próprias,
coisas fora do meu insignificante controle.
Controle. Só gotas detém o controle de suas formas.
De sua perfeita forma circular,
assim como o infinito.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Aurora Boreal

Sonho com a aurora boreal,
com a distorção da uniformidade dos campos magnéticos
desenhando lindas imagens no céu do inconsciente.
Nisso necessito do sol,
jorrando seu vento singular
que ao mesmo tempo esquenta e transforma.


Prolonguem seus campos magnéticos.

terça-feira, 25 de março de 2008

Meu amor.

"chove lá fora e aqui faz tanto frio..."

Não esqueça nunca que o circo foi feito para a felicidade
e é com isso mesmo que ele brinca, com o medo.
E ele sempre some no final
ofuscado pela beleza e pelo extraordinário.
Sinta-o e expire-o maravilhosamente como faz a arte,
eu vou estar aqui na hora que isso acontecer.

segunda-feira, 17 de março de 2008

derrubar as máscaras.

Derrubar essas máscaras de proteção infantis parece ser muito simples da boca pra fora. É muito óbvio chegar a conclusões sobre isso quando se guarda um mísero tempo pra discutir o assunto.
Mas, na prática, matar um parte de você é bem pertubador no início.


Após a lama o pleno se torna claro.

quinta-feira, 13 de março de 2008

quinta-feira, 6 de março de 2008

14 de fevereiro.

encontrar [...]
é como o encontro fluvial
com o oceano:
Fulminantemente lindo,
categoricamente confuso,
um turbilhão
inevitavelmente constante.

22 de janeiro.

eu aqui perdendo a esperança
e, do outro lado da rua,
reinando a fé e a crença.
A fumaça subindo
mais leve que o ar,
mas dentro de mim
eles se misturam
e me dão vontade de descer
pra me encontrar
de corpo e alma,
nas calçadas de ipanema,
com o frio estranho
quente do asfalto,
como um cigarro amassado
num cinzeiro verde.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

completo.

Esse quarto tem a porta aberta.
Na verdade, meio aberta.
Sabe como é, o vento bate forte nessa região.
À primeira vista observa-se um mega sofá cama que eu, na condição de inexperiente, não saberia dizer quantas pessoas cabem. De certo, muitas.
Nas paredes é chamativa e, ás vezes, grosseira a presença de muitos quadros e fotografias.
Apesar de tal observação, são responsáveis por conferirem ao ambiente um caractér alegre.
Uma mesinha de estudo bem desarrumada está à esquerda e parece ser alimentada por algumas estantes que encontram-se logo acima.
É certo que estante ainda precisa ser e será melhor alimentada de livros ainda, mas a coleção é boa.
Prestando mais atençaõ vê-se alguns resquícios de alguma comemoração recente, mas isso em um segundo agente resolve.
O que o senhor acha?
Nós estariamos muito felizes se soubessemos da sua apreciação pelao nosso quarto para desenvolver o seu filme.
Ainda envio-lhe maiores esclarecimentos.
Grata pela atenção.


o mundo dá suas voltas, mas eles são se separam.