quarta-feira, 18 de junho de 2008

Liz (parêntese)

Sonho em ver-me engolida por Dalí.

Eu e ela,
num só redemoinho,
em um só movimento.

E que esse só momento
se torne infindo e concreto
como passear num tormento.

Que eu sinta
o gelado de tuas tintas
e o calor de seus suspiros.

Só em tuas cores, mestre,
é que é visível a comparação
da pele e do pensamento,
de mim e minha criação.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Liz cap.3

"Cessou".
Sem ter um porquê o som cessou.
Como senhores de engenho que esquecem dos esravos se não lhes dão trabalho. Desse jeito, abrupto e desconfiado o barulho parou, mas tudo ainda modificava-se, derretia e condesava em novos cenários, alguns pertubadores.
Como uma flor, como a flor de liz, ela se encontrava no centro de um universo de transformações. E se sentiu dona deles, dona da matéria, dona das ondas que atravessavam seu pensamento, dona, dona, dona...
Até que caiu em consciência: nada daquilo era seu, o que não impedia o seu poder modificador diante desse universo.
Sentiu-se bem, mas só.
Pela primeira vez sentiu-se realmente só.


Aonde estarão?